Índia supera Brasil em saneamento e acende alerta para políticas públicas brasileiras
- Allyson Xavier
- 10 de jul.
- 2 min de leitura
Com investimentos massivos e políticas agressivas, Índia amplia acesso a banheiros e tratamento de esgoto, enquanto Brasil segue com cobertura desigual e lento avanço

A Índia ultrapassou o Brasil no acesso ao saneamento básico, segundo dados recentes do Programa Conjunto de Monitoramento de Abastecimento de Água e Saneamento da Organização Mundial da Saúde (OMS). O país asiático, que há uma década liderava os índices globais de esgoto a céu aberto, agora figura entre as nações com maior cobertura de saneamento básico, enquanto o Brasil segue enfrentando grandes desafios, principalmente nas periferias e áreas rurais.
Os números mostram que aproximadamente 98% da população indiana já tem acesso a serviços de saneamento básico, resultado de programas como o Swachh Bharat Mission, que construiu mais de 100 milhões de banheiros em menos de uma década. A iniciativa mobilizou o governo central, estados e comunidades locais em uma campanha nacional que também envolveu forte investimento em campanhas educativas e financiamento público.
O avanço não se limitou apenas ao acesso a banheiros. A Índia também expandiu a coleta e o tratamento de esgoto, com foco em áreas urbanas e suburbanas, e hoje mais de 90 por cento da população conta com acesso a serviços de saneamento adequados e seguros.

No Brasil, a situação ainda é preocupante. Dados do Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (SNIS) apontam que cerca de 84% da população tem acesso a água tratada, mas apenas 52% do esgoto é tratado no país. Além disso, mais de 30 milhões de brasileiros ainda vivem sem acesso a serviços básicos de saneamento.
O contraste entre os dois países revela como políticas públicas coordenadas e de grande escala podem transformar a realidade de milhões de pessoas em pouco tempo. Enquanto a Índia realizou reformas estruturais, o Brasil segue avançando de maneira lenta e desigual, esbarrando em questões de financiamento, burocracia e falta de prioridade política.

A situação expõe um alerta para o Brasil, que ocupa a 112ª posição no ranking global de saneamento da Organização das Nações Unidas. Especialistas apontam que o país precisa acelerar a implementação do Novo Marco Legal do Saneamento, que prevê a universalização dos serviços até 2033, mas que ainda enfrenta resistência e entraves técnicos.
O acesso ao saneamento básico não é apenas uma questão de infraestrutura, mas também de saúde pública, dignidade e desenvolvimento social. Segundo a OMS, para cada real investido em saneamento, há um retorno de quatro reais em redução de custos com saúde e aumento da produtividade.
Fontes: OMS, Instituto Trata Brasil, Agência Senado