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Sexta, 08 de agosto de 2025.

Terras Raras: China e UE firmam acordo, mas conflitos comerciais seguem

  • Foto do escritor: luzarjudith
    luzarjudith
  • 24 de jul.
  • 3 min de leitura

O acordo visa reduzir gargalos causados por restrições chinesas às exportações que impactaram a indústria europeia


Líderes da China e União Europeia estão em uma sala de conferência com bandeiras de ambas potências com lustre elegante e arranjo floral no centro da mesa
líder chinês Xi Jinping se reúne com o presidente do Conselho Europeu, António Costa, e a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, no Grande Salão do Povo, em Pequim, em 24 de julho de 2025 / Foto: Andres Martinez Casares/Reuters

Na 25ª Cúpula China-UE, realizada em 24 de julho de 2025, em Pequim, a União Europeia e a China anunciaram um mecanismo para agilizar o fornecimento de terras raras, minerais cruciais para tecnologias como baterias, veículos elétricos e equipamentos militares.


O acordo, celebrado durante os 50 anos de laços diplomáticos sino-europeus, visa reduzir gargalos causados por restrições chinesas às exportações, como as licenças impostas em abril de 2025, que impactaram a indústria europeia. Apesar do avanço, a UE cobra maior equilíbrio comercial, criticando barreiras ao mercado chinês e investigações sobre exportações europeias de conhaque, carne suína e laticínios. O presidente Xi Jinping defendeu respeito mútuo, rejeitou o “desacoplamento” econômico e propôs multilateralismo, com foco em setores verdes e digitais. A UE elogiou o mecanismo de terras raras, mas insiste no fim de práticas protecionistas. A cúpula também abordou clima, com compromissos para a COP30, e tensões sobre a guerra na Ucrânia, com a UE pedindo que a China não apoie a Rússia. Embora o acordo seja um passo pragmático, desequilíbrios comerciais e rivalidades geopolíticas continuam desafiando a parceria sino-europeia.

A geopolítica das terras raras

As terras raras, assim como outros minerais críticos, são peças-chave nas negociações geopolíticas devido à concentração de suas reservas e produção em poucos países.

A China lidera com cerca de 40% das reservas globais e 70% da produção, consolidando sua hegemonia desde os anos 2000 com investimentos iniciados há quatro décadas, controlando também mais de 90% da fabricação de ímãs de terras raras.

O Brasil, com a segunda maior reserva (19%), produz apenas 0,02% do total mundial, cerca de 80 toneladas das 350 mil totais. Segundo a Empresa de Pesquisa Energética (EPE), a demanda nacional por esses minerais deve aumentar seis vezes até 2034, passando de 1 mil para mais de 6 mil toneladas.


caminhão extraindo terra com visão de cima
A crescente demanda, que no Brasil pode sextuplicar até 2034, sublinha a urgência de estratégias para diversificação e sustentabilidade / Foto: Shutterstock

“O mundo começou a olhar mais para esses elementos por questões geopolíticas, de garantia do fornecimento de matéria prima, e por causa da mobilidade elétrica e das energias renováveis. Com o Acordo de Paris, a eletrificação da frota e a energia eólica passaram a ser vistas como estratégias para redução das emissões”, explica André Pimenta de Faria, coordenador do laboratório-fábrica de ímãs de terras raras, que integra o Instituto SENAI de Inovação em Processamento Mineral, em Minas Gerais.


Brasil pode conquistar autonomia na indústria de terras raras


Em Lagoa Santa (MG), uma planta-piloto já opera com capacidade para produzir 100 toneladas anuais de ímãs permanentes, processando a liga de neodímio, ferro e boro (NdFeB), utilizando elementos de terras raras. O Instituto, junto a seis instituições de pesquisa e 28 empresas, trabalha para desenvolver a cadeia completa de produção nacional, desde a extração e refino até a fabricação e reciclagem de ímãs.


“Hoje, tem uma companhia operando com terras raras, em Goiás. A produção começou em 2023, estão começando a crescer. Também temos laboratórios, como o do IPT, que produz ligas a partir do óxido; e o Magma, da UFSC, de ímãs terras raras. O diferencial da planta do nosso instituto é produzir e validar em escala industrial”, detalha André Pimenta de Faria.


A planta é a maior do Hemisfério Sul para ímãs e ligas de terras raras, segundo o pesquisador, mas enfrenta desafios como a concorrência com países líderes em tecnologia e a escassez de profissionais especializados.

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