Salário emocional: o que é e por que ele já vale mais que o contracheque para a Geração Z
- Allyson Xavier
- 3 de dez.
- 3 min de leitura

“Hoje o salário financeiro paga as contas. O salário emocional faz você querer levantar da cama.” A frase resume o conceito que tem mudado a forma como empresas atraem e retêm talentos: o salário emocional – tudo aquilo que o colaborador recebe além do dinheiro: propósito, qualidade de vida, reconhecimento, ambiente agradável e sensação de pertencimento.
Em entrevista ao eixocentral.info, o especialista em gestão de pessoas e CEO da e-volve.one, Diego Rondon, explica por que esse “salário invisível” se tornou tão ou mais importante que o depósito no fim do mês, especialmente para a Geração Z e para quem já não aceita passar 8 horas (ou mais) do dia em um lugar que só serve para “cumprir tabela”.
O que é salário emocional, afinal?
“Antigamente a pessoa ia para a empresa, batia ponto, recebia e vivia a vida fora dela. Hoje, com tudo conectado, as pessoas querem plenitude. O trabalho ocupa pelo menos um terço do dia – muitas vezes muito mais. Então o salário emocional é o quanto aquele trabalho faz sentido, qual impacto eu gero no mundo e qual realização eu terei no futuro”, define o entrevistado.
Para a Geração Z, o contracheque é o “mínimo sindical”. Eles querem remuneração justa, claro, mas o que realmente pesa na decisão é o propósito e a experiência dentro da empresa.
Exemplos reais: do gigante ao pequeno negócio
Google (o sonho de consumo)
Quem já visitou os escritórios da empresa conta: três restaurantes com comida gratuita e variada todos os dias, ilhas de snacks e bebidas a no máximo 50 metros de qualquer mesa, áreas de descompressão, médico no local, pátios com freezer de sorvetes especiais.
“Não é só comida de graça. É fazer a pessoa querer ficar ali, interagir, ser criativa e feliz. O resultado? As pessoas produzem mais, ficam mais tempo na empresa e o Google virou o lugar onde ‘todo mundo quer trabalhar’.”
Delícia de Bolo (padaria no Nordeste)
Uma empresa pequena mostra que tamanho não é documento. Os padeiros e funcionários da produção são incentivados a criar conteúdo para as redes sociais da marca. A empresa cede espaço, ajuda na gravação e, o mais importante, divide os ganhos de patrocínios e parcerias com quem aparece nos vídeos.
“De repente o padeiro que acorda 4h da manhã para assar bolo vira influenciador e recebe cachês. Ele se sente parte de algo maior. Isso é salário emocional puro.”
Vantagens para as empresas
Maior retenção de talentos (mais barato manter gente feliz do que contratar e treinar novas)
Aumento de produtividade e criatividade (ambientes que promovem interação geram ideias)
Marca empregadora forte (todo mundo quer trabalhar lá)
Resultado financeiro melhor (pessoas felizes vendem mais, inovam mais e erram menos)
Vantagens para os colaboradores
Mais saúde física e emocional
Sensação de ser valorizado e de pertencer
Qualidade de vida mesmo passando 8–10 horas por dia no trabalho
Orgulho do que faz e do impacto que gera
Recado final: quem não se adaptar, fica para trás
“Com inteligência artificial chegando forte e uma geração nova entrando no mercado, quem não se atualizar vira peça de museu. Tanto empresa quanto profissional. Remuneração deixou de ser só dinheiro. Quem entender o salário emocional cria um futuro melhor – para o negócio e para as pessoas.”
Em tempos de “quiet quitting” e “great resignation”, o recado é claro: pague bem, sim. Mas se não oferecer só dinheiro, o talento da nova geração já terá aceitado a vaga da concorrência que oferece significado.





















