População em situação de rua no Brasil cresce 25% e ultrapassa 335 mil pessoas
- Allyson Xavier
- 6 de out.
- 3 min de leitura
Número representa o maior patamar já registrado e reforça a necessidade de políticas públicas integradas de moradia e assistência social

O número de pessoas em situação de rua no Brasil aumentou cerca de 25% entre dezembro de 2023 e dezembro de 2024, passando de 261.653 para 327.925 registros no Cadastro Único (CadÚnico). Segundo dados atualizados pelo Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, em março de 2025 o país já contabilizava 335.173 pessoas vivendo nas ruas, o maior número da série histórica.
O levantamento, divulgado pela Agência Brasil com base em informações do Observatório Polos-UFMG, mostra que o crescimento é contínuo desde 2013, quando o total era de cerca de 23 mil pessoas.
Perfil e distribuição da população
A maioria das pessoas em situação de rua está concentrada na Região Sudeste, que responde por 63% do total nacional.O estado de São Paulo lidera os registros, com 139.799 pessoas, seguido de Minas Gerais, Rio de Janeiro, Bahia e Ceará.
Nas capitais, São Paulo aparece com 96.220 pessoas, seguida por Rio de Janeiro (21.764), Belo Horizonte (14.454), Fortaleza (10.045) e Salvador (10.025).
O perfil é predominantemente masculino (84%), com idade entre 18 e 59 anos (88%) e baixa escolaridade. Mais da metade não concluiu o ensino fundamental, e 11% são analfabetos. Aproximadamente 81% vivem com renda de até R$ 109 por mês, o equivalente a 7% do salário mínimo vigente.
Há também 9.933 crianças e adolescentes (3% do total) e 30.751 idosos (9%), o que indica a presença de múltiplas faixas etárias afetadas pela vulnerabilidade social.
Crescimento histórico e fatores associados
De acordo com o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), a população em situação de rua cresceu 38% entre 2019 e 2022, alcançando 281 mil pessoas naquele período.Os principais fatores associados ao aumento incluem alta no custo de moradia, desemprego, informalidade, problemas de saúde mental e ruptura de vínculos familiares.
Entre 2020 e 2024, o canal Disque 100 recebeu 46.865 denúncias de violência contra pessoas em situação de rua, sendo a maioria registrada em capitais. Os dados indicam que parte das ocorrências envolve abordagens policiais e conflitos em espaços públicos. Autoridades reconhecem que há subnotificação, pois muitos casos não chegam aos canais formais de denúncia.
Para enfrentar o problema, o governo federal lançou em 2023 o Plano Nacional Ruas Visíveis, que reúne 99 ações interministeriais voltadas à implementação da Política Nacional para a População em Situação de Rua. O plano prevê ações conjuntas nas áreas de habitação, saúde, assistência social, educação e geração de renda.
Apesar do avanço institucional, o principal desafio, segundo gestores públicos e entidades de pesquisa, é garantir integração entre União, estados e municípios, além de ampliar o número de abrigos e moradias temporárias. Outro ponto citado é a necessidade de atualização periódica dos dados e fortalecimento dos sistemas de registro e monitoramento.
Cidades como Brasília, Belo Horizonte e Fortaleza vêm realizando censos regionais para identificar características específicas dessa população. O Instituto de Pesquisa e Estatística do Distrito Federal (IPE-DF), por exemplo, conduziu em 2025 o segundo levantamento distrital sobre o tema, com objetivo de subsidiar políticas locais.
Diversos municípios também vêm firmando parcerias com universidades e organizações civis para mapeamento de dados, atendimento psicossocial e requalificação profissional.
Fontes: Agência Brasil, IPEA, Governo Federal (gov.br), UFMG, Poder360, Exame, Fundação Nacional de Arquitetos (FNA), GIFE, Instituto de Pesquisa e Estatística do DF (IPE-DF)





















