Moradores da 112-113 Sul prestam homenagem a Isaac Augusto de Brito Vilhena de Morais após tragédia
- Allyson Xavier
- 18 de out.
- 3 min de leitura

O parque de lazer da entrequadra 112/113 Sul, em Brasília, amanheceu transformado em um altar improvisado em memória de Isaac Augusto de Brito Vilhena de Morais, adolescente de 16 anos vítima de um latrocínio na noite de sexta-feira (17/10). O local, onde crianças jogam e famílias se reúnem, foi marcado pela violência que tirou a vida do jovem estudante do Colégio Militar. Flores lilases, vermelhas e brancas foram dispostas no asfalto, formando a inscrição “Isaac vive”, em um gesto de luto e resistência diante da brutalidade do crime.
“Era o mesmo lugar onde minha filha jogava vôlei com amigas há duas semanas. Agora, parece suspenso entre a vida e o esquecimento”, relatou um morador, que passou a madrugada em vigília até o amanhecer. “Quando a luz tocou as pétalas, elas cintilaram, como se dissessem: Isaac vive.”
Tragédia que chocou a comunidade

Por volta das 19h de sexta-feira, Isaac jogava vôlei com amigos no Parque Maria Cláudia Del’Isola, ainda com o uniforme escolar, quando foi abordado por três assaltantes. Ao tentar recuperar seus pertences, foi esfaqueado no peito. Ferido, correu em busca de socorro, mas não resistiu e faleceu no Hospital de Base. O crime, registrado como latrocínio, deixou a comunidade em choque.
O Corpo de Bombeiros informou que foi acionado às 18h56 via 193 e iniciou o atendimento às 19h04, com regulação médica às 19h31 para transporte ao hospital. Três viaturas (UR 715, ABSL 34 e ASE 115) participaram da operação. Um morador, no entanto, alegou que o socorro demorou cerca de 30 minutos e a ambulância, mais de uma hora, o que gerou desespero entre os presentes.
Sete adolescentes foram apreendidos e levados à Delegacia da Criança e do Adolescente (DCA I). Três deles, apontados como diretamente envolvidos, foram encaminhados ao Instituto de Criminalística e ao Núcleo de Atendimento Integrado (NAI), onde permanecem à disposição da Justiça. Os outros quatro, que estavam em outro local no momento do crime, foram liberados após depoimento. A faca usada no ataque ainda não foi encontrada, e a Polícia Civil segue investigando o caso.
Falta de segurança e iluminação no parque
Moradores apontam a ausência de policiamento e iluminação adequada como fatores que transformaram o parque em um ambiente vulnerável.
“Algumas áreas são muito escuras, enquanto outras têm luz. Isso atrai situações como essa. Há postes apagados e até locais sem iluminação, como no aparelho de musculação”, relatou uma moradora.
Outra habitante da região destacou a indignação da comunidade: “Um crime bárbaro contra um adolescente que jogava vôlei. Poderia ser qualquer um dos nossos filhos. Precisamos cobrar mais segurança das autoridades e nos mobilizar contra essa onda de violência.”
A Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF), por meio do 1º Batalhão, afirmou que intensificou o policiamento na Asa Sul com base em mapeamento estratégico de manchas criminais. As ações incluem patrulhamento a pé, ciclístico, motociclístico e com unidades especializadas como ROTAM e PATAMO, além do Programa de Vizinhança Protegida, implementado em mais de 120 quadras. A PMDF reforçou a importância da colaboração da comunidade, pedindo que situações suspeitas sejam reportadas pelo 190.
A CEB IPes, responsável pela iluminação pública, informou que as Asas Sul e Norte sofrem com furtos de cabos e vandalismo, o que compromete a manutenção. “Nossas equipes atuam preventivamente, mas os reparos são frequentemente refeitos devido a novos furtos”, declarou a companhia, que não possui poder de polícia para coibir esses crimes. A CEB orienta a população a denunciar ações suspeitas à PMDF pelo 190 e reportar problemas de iluminação pelos canais oficiais: telefone 155, aplicativo Ilumina DF, WhatsApp (61) 3774-1155 ou site www.ceb.com.br.
Homenagem e despedida
A comunidade organiza uma última homenagem a Isaac. O velório será realizado amanhã, 19 de outubro, a partir das 14h, com sepultamento às 16h30, na Capela 1 do Cemitério Campo da Esperança, seguido de uma missa. A tragédia reacende o debate sobre segurança pública e deixa um apelo por mudanças para que o parque volte a ser um espaço de convivência e não de luto.






















