Brasil está entre os oito países mais famintos da América do Sul, aponta Índice Global da Fome
- Allyson Xavier
- 28 de out.
- 3 min de leitura
Relatório internacional mostra que o Brasil apresenta piora nos indicadores de insegurança alimentar. Apesar de ainda figurar na categoria de “fome baixa”, o país enfrenta aumento da desigualdade no acesso à alimentação.

O Brasil aparece entre os oito países mais afetados pela fome na América do Sul, segundo o Índice Global da Fome (GHI) 2025, divulgado por organizações internacionais ligadas à segurança alimentar. O estudo aponta que o país registrou pontuação de 6,4, considerada “fome baixa”, mas com estagnação e leve piora em comparação com os últimos anos.
De acordo com o relatório, o índice é construído a partir de quatro critérios principais: subnutrição calórica, atraso no crescimento infantil, baixo peso em relação à altura e mortalidade infantil. A combinação desses fatores permite comparar a gravidade da fome entre países e regiões. Apesar de a média da América Latina ainda ser considerada baixa, o avanço contra a fome perdeu ritmo e as desigualdades persistem.
Na Bolívia, o índice chega a 14,6 pontos, enquadrado como “fome moderada”. O país sofre com uma combinação de fatores sociais, econômicos, geográficos e ambientais. De acordo com o World Food Program USA, comunidades rurais e indígenas são as mais impactadas pela falta de acesso a alimentos, agravada por eventos climáticos extremos como secas e enchentes que comprometem a agricultura de subsistência, base da alimentação e da renda de milhões de famílias.
A desigualdade entre áreas urbanas e rurais, especialmente entre povos indígenas e mulheres, limita o acesso a alimentos seguros e nutritivos. Além disso, bloqueios de estradas, crises globais de preços e instabilidades políticas prejudicam a distribuição e o abastecimento interno. O país enfrenta também a chamada “dupla carga da má nutrição”, caracterizada pela coexistência de subnutrição e obesidade em uma mesma população.
Embora a Bolívia tenha reduzido sua pontuação em relação aos anos 2000, quando o índice atingia 27 pontos, o progresso tem sido mais lento que o de seus vizinhos.
Ranking sul-americano do GHI 2025:
Bolívia – 14,6 (fome moderada)
Trinidad & Tobago – 11,0
Equador – 10,9
Suriname – 10,4
Venezuela – 9,6
Guiana – 8,3
Peru – 7,2
Brasil – 6,4
Argentina – 6,4
Colômbia – 6,1
Paraguai – 5,2
Chile – abaixo de 5
Uruguai – abaixo de 5
Os dados mostram que Peru, Colômbia e Brasil apresentam índices bem melhores que a Bolívia, enquanto Chile e Uruguai figuram entre os países com níveis mais baixos de fome no continente.
Historicamente, o Brasil registrava 11,6 pontos no GHI nos anos 2000, caiu para 5,4 em 2016 e atualmente está em 6,4. Essa melhora está relacionada à saída do país do Mapa da Fome da ONU, confirmada após a média trienal 2022-2024 ficar abaixo de 2,5% da população em risco de subnutrição, critério usado pela FAO para definir o ingresso ou a saída de nações na lista.
O indicador da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO) mede a proporção de pessoas sem acesso regular a alimentos suficientes e saudáveis, levando em conta produção, consumo e distribuição calórica. O Brasil havia retornado ao Mapa da Fome no período 2019-2021, depois de ter deixado a lista em 2014. Hoje, a prevalência de subnutrição é inferior a 2,5%, enquanto a insegurança alimentar grave atinge 3,4% da população e a moderada, 13,5%.
Apesar dos avanços, o país ainda enfrenta fortes desigualdades regionais e vulnerabilidade às mudanças climáticas, o que mantém a segurança alimentar como um desafio estrutural.
O relatório do GHI 2025 alerta que a fome mundial entrou em uma fase de estagnação. A média global é de 18,3 pontos, levemente inferior aos 19 registrados em 2016, mas ainda distante da meta de Fome Zero proposta pela ONU para 2030, considerada agora inalcançável no prazo previsto.
Conflitos armados, mudanças climáticas, inflação de alimentos e redução da ajuda humanitária estão entre os principais fatores do retrocesso. Países como Somália (42,6), Sudão do Sul (37,5) e República Democrática do Congo (37,5) registram níveis classificados como “alarmantes” ou “extremamente alarmantes”, enquanto Chile, China, Costa Rica e Uruguai mantêm pontuações abaixo de 5.
O estudo projeta que 56 países não alcançarão níveis baixos de fome até 2030, e que, no ritmo atual, a meta global de erradicação da fome só seria atingida em 2137.
Fontes: G1, CNN Brasil, Metrópoles, FAO, World Food Program USA, Global Hunger Index (GHI), Poder360





















