Pretos e pardos lideram 3 em cada 4 lares com registro de fome no Brasil
- Allyson Xavier
- 13 de out.
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A fome foi mais recorrente em domicílios brasileiros chefiados por pessoas pretas ou pardas, em comparação com lares liderados por pessoas brancas. Segundo a edição especial da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua sobre segurança alimentar, divulgada nesta sexta-feira (10) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 1,4 milhão de lares chefiados por pardos e 424 mil por pretos somaram 73,8% dos 2,5 milhões de endereços em insegurança alimentar grave em 2024. Isso indica que, de quatro residências com fome, três eram lideradas por pretos ou pardos.

A pesquisa, que entrevistou famílias de todo o Brasil sobre hábitos alimentares dos últimos 90 dias, define insegurança alimentar grave como a redução ou ausência de alimentos, afetando inclusive crianças. Em contraste, lares chefiados por brancos, que representam 41,5% dos 78,3 milhões de domicílios do país, corresponderam a apenas 24,4% dos casos de fome.
Desigualdade de gênero
O estudo também revelou disparidades de gênero. Mulheres são chefes de 51,8% dos lares brasileiros, mas lideram 57,6% dos domicílios com insegurança alimentar grave. Quando consideradas todas as formas de insegurança (leve, moderada e grave), esse percentual sobe para 59,9%, ou seja, seis em cada dez lares chefiados por mulheres. Insegurança alimentar leve reflete preocupação com o acesso a alimentos, enquanto a moderada indica redução ou falta de comida entre adultos.
A pesquisadora do IBGE Maria Lucia Vieira destaca a vulnerabilidade de pretos, pardos e mulheres. “A gente está falando de domicílios que costumam ter rendimentos mais baixos”.
Crianças e faixas etárias
A pesquisa apontou que 71,9% dos lares com insegurança alimentar grave ou moderada têm renda per capita de até um salário mínimo. Entre as faixas etárias, a fome foi mais prevalente entre jovens: 3,3% das crianças de até 4 anos e 3,8% das de 5 a 17 anos viviam em lares com fome, contra 2,8% dos adultos até 49 anos, 3,3% dos de 50 a 64 anos e 2,3% dos acima de 65 anos. Maria Lucia sugere que a maior vulnerabilidade infantil pode estar ligada às altas taxas de fecundidade no Norte e Nordeste, regiões com menor segurança alimentar. “São domicílios que têm ainda taxas de fecundidade mais elevadas que as demais regiões”, explica.
Com informações da Agência Brasil






















