Enfraquecido, Hamas promove mortes e acusa clãs de colaborar com Israel
- Allyson Xavier
- 15 de out.
- 3 min de leitura
Organização tenta reafirmar poder em Gaza após cessar-fogo e provoca críticas internacionais por violações de direitos humanos

Dias após o cessar-fogo em Gaza, o grupo terrorista Hamas passou a executar publicamente indivíduos acusados de colaborar com Israel, muitos deles pertencentes a clãs e milícias rivais tradicionais do território. A medida é vista como uma tentativa de reafirmar controle interno em meio à perda de força política e militar, mas tem provocado duras críticas de autoridades palestinas e de organizações internacionais de direitos humanos.
Após meses de ofensiva israelense, o Hamas teve parte de sua estrutura de comando e logística destruída. Com o cessar-fogo, formou-se um vácuo de poder em Gaza, abrindo espaço para disputas entre facções locais. Fontes regionais informam que o grupo terrorista já matou ao menos 33 pessoas sob acusação de traição e cooperação com forças israelenses. Vídeos divulgados nas redes mostram homens desarmados e vendados sendo executados em público, supostamente por pertencerem a famílias “colaboradoras”.
Analistas apontam que essas execuções são demonstrações de força e intimidação política em um momento de fraqueza do grupo, reforçando o uso da violência como instrumento de poder simbólico.
Entre os alvos estão membros de famílias com longa influência em Gaza. O clã Dagmoush, um dos mais poderosos da região, teria perdido mais de 50 pessoas em um único episódio. Forças do Hamas mataram 32 integrantes de uma gangue ligada a uma dessas famílias na Cidade de Gaza. Outro nome citado foi o de Yasser Abu Shabab, acusado de colaborar com Israel. Ele negou as acusações antes de ser executado.
A justificativa apresentada pelo grupo terrorista é o combate a traidores, mas organizações humanitárias alertam que as mortes configuram execuções extrajudiciais. A Autoridade Palestina classificou as ações como crimes hediondos.
As execuções filmadas e divulgadas têm duplo propósito: punir e demonstrar poder. Ao realizar as mortes em locais abertos, o Hamas envia uma mensagem direta a possíveis opositores, reforçando a imagem de domínio absoluto, mesmo diante da devastação pós-guerra. Críticos afirmam que não há transparência nos julgamentos e que as sentenças são aplicadas sem defesa ou processo formal.
Um observador da ONU afirmou ao jornal Haaretz que o Hamas concentra em si o papel de juiz, júri e executor, o que evidencia a ausência total de instituições independentes.Há também denúncias de que o grupo terrorista controla a ajuda humanitária e o acesso a recursos de reconstrução, utilizando-os como ferramenta política para garantir obediência.
Internamente, o clima em Gaza é de medo e desconfiança. Moradores evitam criticar o Hamas publicamente, e as execuções, embora demonstrem força, aumentam o ressentimento entre comunidades e agravam a crise humanitária.
Externamente, o episódio mancha ainda mais a imagem do grupo. Países árabes e potências ocidentais cobram investigações independentes sobre possíveis violações de direitos humanos. Israel e seus aliados utilizam os fatos como evidência de que o Hamas não pode participar de nenhuma solução legítima de governo em Gaza.
O Hamas enfrenta um dilema de sobrevivência: ao atacar clãs rivais, enfraquece laços sociais essenciais à sua própria sustentação. Sem legitimidade popular e sem recursos financeiros, o grupo terrorista tende a depender cada vez mais da coerção e do medo para manter o controle.
O pesquisador palestino Omar Khalil, em entrevista à imprensa internacional, afirmou que essas ações representam um poder em colapso, que tenta sobreviver “pela violência e pelo terror”. O episódio reacende o debate sobre quem poderá governar Gaza em meio à destruição e ao colapso social provocado pela guerra.
Fontes: UOL, CNN Brasil, Haaretz






















