“Fenômeno” dos concursos entra na mira da PF após série de aprovações suspeitas
- Eixo Central
- 6 de out.
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Investigações apontam possível ligação entre candidata e esquema de fraudes liderado por ex-policial

Uma jovem pernambucana que se tornou conhecida por acumular aprovações em concursos públicos de diferentes áreas está sendo investigada pela Polícia Federal. Trata-se de Lais Gisely Nunes de Araújo (foto em destaque), de 31 anos.
O caso ganha repercussão após investigações revelarem que a candidata teria alcançado resultados incomuns e idênticos aos de um dos principais investigados por fraudes em certames nacionais.
A candidata, identificada apenas pelas iniciais nos autos, ficou conhecida por alcançar aprovações em carreiras diversas, entre elas Medicina, Direito e cargos administrativos federais, incluindo o Concurso Nacional Unificado (CNU) de 2024. O desempenho chamou atenção pela rapidez e pela amplitude das áreas de aprovação, um feito considerado estatisticamente raro, mesmo entre concurseiros experientes.
Segundo informações do Metrópoles, as coincidências levaram a Polícia Federal a incluir o nome da candidata em 14 investigações distintas sobre possíveis irregularidades em concursos públicos realizados nos últimos anos.

As suspeitas surgiram após a descoberta de que o gabarito da candidata no CNU era idêntico ao de Wanderlan Limeira de Sousa, ex-policial militar apontado como líder de uma rede de fraudes em provas públicas. A PF apura se houve compartilhamento prévio de respostas ou acesso indevido aos exames.
Documentos obtidos pela reportagem indicam que a candidata teria tido contato com arquivos e mensagens vinculadas ao grupo investigado, incluindo listas de aprovados antecipadamente divulgadas em certames como o concurso do Banco do Brasil. A investigação analisa ainda transações financeiras, registros eletrônicos e histórico de desempenho em provas anteriores para identificar padrões de comportamento e eventuais pagamentos indevidos.
A apuração da Polícia Federal faz parte de uma operação maior que investiga organizações especializadas em manipular resultados de concursos por meio de acesso indevido a sistemas e venda de gabaritos. O grupo liderado por Wanderlan Limeira teria atuado em diferentes estados e em certames de nível federal, estadual e municipal.
As autoridades reforçam que, até o momento, não há conclusão definitiva sobre a responsabilidade individual da candidata, e que as investigações correm sob sigilo.
O caso reacendeu o debate sobre a segurança e a transparência dos concursos públicos no Brasil. Especialistas defendem a ampliação de medidas de controle, como biometria, auditoria independente, rastreamento digital e monitoramento de padrões de resposta, especialmente em exames de grande escala. A Polícia Federal e o Ministério da Gestão e Inovação em Serviços Públicos (MGI) avaliam adotar novos mecanismos de fiscalização e revisão de segurança nos sistemas de aplicação de provas.
Até o momento, a candidata não se pronunciou publicamente. A PF segue reunindo evidências e cruzando dados de exames aplicados em diferentes estados. Caso as suspeitas sejam confirmadas, os resultados poderão ser anulados e os envolvidos responderão por fraude, associação criminosa e falsidade ideológica.
O caso permanece sob sigilo e ainda não há previsão para a conclusão do inquérito.
Fontes: Metrópoles, Polícia Federal, Ministério da Gestão e Inovação em Serviços Públicos (MGI)






















