BNDES destina R$ 1,2 bilhão para empresas impactadas pelo tarifaço americano

Pequenos e médios negócios representam quase um terço dos recursos aprovados | Foto: Valter Campanato/Agência Brasil

O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) aprovou R$ 1,2 bilhão em financiamentos para empresas brasileiras prejudicadas pelo tarifaço imposto pelos Estados Unidos, que aplica taxas de até 50% sobre exportações. O montante faz parte do plano Brasil Soberano, que prevê até R$ 40 bilhões em crédito para mitigar os impactos das barreiras comerciais.

Segundo balanço divulgado na sexta-feira (19), dos R$ 3,1 bilhões solicitados por 533 empresas, R$ 1,9 bilhão ainda está em análise. O programa combina R$ 30 bilhões do Fundo Garantidor de Exportações (FGE) e R$ 10 bilhões do próprio BNDES, oferecendo juros subsidiados e exigindo a manutenção de empregos como contrapartida.

Os recursos financiam capital de giro (como salários e pagamento de fornecedores), aquisição de máquinas, adaptação produtiva e abertura de novos mercados. Entre quinta (18) e sexta-feira (19), 75 operações foram aprovadas, todas para capital de giro. A indústria de transformação lidera os pedidos (84,1%), seguida por agropecuária (6,1%), comércio e serviços (5,7%) e indústria extrativa (4,2%). Pequenas e médias empresas respondem por 30% do valor aprovado.

Ao todo, 2.236 empresas consultaram o sistema do BNDES, mas apenas 533 foram consideradas elegíveis, com pelo menos 5% de seu faturamento entre julho de 2024 e julho de 2025 proveniente de produtos taxados. O presidente do BNDES, Aloizio Mercadante, destacou a agilidade do processo, apoiado por 50 instituições financeiras parceiras. “Queremos proteger empregos, fortalecer a economia e incentivar a conquista de novos mercados”, afirmou.

Como acessar o crédito

Empresas interessadas devem verificar a elegibilidade no site do BNDES, utilizando o certificado digital via GOV.BR. Se aprovadas, devem procurar o banco com o qual já têm relacionamento. Grandes empresas podem contatar diretamente o BNDES.

Impactos do tarifaço

Segundo a Amcham Brasil, as exportações afetadas caíram 22,4% em agosto de 2025, comparado ao mesmo período de 2024. Os EUA, segundo maior parceiro comercial do Brasil, taxam 35,9% das exportações brasileiras, conforme o Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços. A medida, assinada pelo presidente Donald Trump em 6 de agosto, isenta produtos como suco de laranja, combustíveis e aeronaves. Trump justificou a taxação alegando déficit comercial com o Brasil – argumento contestado por dados oficiais – e citou o julgamento de Jair Bolsonaro no STF por tentativa de golpe de Estado. Fonte: Agência Brasil