Inteligência Artificial e os Desafios da Educação Contemporânea
- Eixo Central
- 20 de out.
- 3 min de leitura
Por Renato Brito, Doutor em Educação e Pesquisador Associado da Cátedra Unesco – Universidade Católica de Brasília

O Teaching and Learning International Survey – TALIS (OCDE, 2024) aponta que a Inteligência Artificial (IA) está significativamente incorporada à pedagogia brasileira. Atualmente, 56% dos docentes no Brasil utilizam ferramentas de IA, o que coloca o país na 10ª posição entre as 53 nações pesquisadas. Diante desse cenário, toda evolução pode ser vista como um avanço natural da criatividade humana, e a IA passa a fazer parte das nossas relações. Por isso, cabe aos educadores compreender seu funcionamento e apropriar-se dela nos processos educativos. As escolas, responsáveis por sistematizar o que acontece na vida, também precisam incorporar a inteligência artificial de forma técnica e estruturada.
A IA deve ser apropriada como apoio ao professor, ampliando a potencialidade do trabalho docente ao assumir tarefas repetitivas. Esse suporte permite que o educador disponha de mais tempo para criar, acompanhar de perto os estudantes que mais precisam e oferecer um cuidado personalizado para sanar dúvidas.
Entretanto, quando tratada como ferramenta isolada e único recurso de acesso ao conhecimento, a IA pode trazer perigos à vida acadêmica do estudante. Por oferecer informações de forma rápida e facilitada, ela pode comprometer o desenvolvimento cognitivo, a criatividade e até mesmo a conduta ética e os valores sociais. Isso reforça a necessidade de um uso consciente, ético, técnico e sistematizado dentro da escola.
A IA é uma importante aliada para responder a tarefas repetitivas e buscas de informações gerais com base algorítmica. Contudo, ela pode se tornar uma vilã quando o aprendizado se restringe apenas a isso, comprometendo o desenvolvimento cognitivo e de valores tanto do estudante quanto do professor.
De acordo com o livro O Professor Ampliado, a inteligência artificial facilita a transformação do papel docente ao assumir tarefas mecânicas e demoradas, permitindo que o professor se concentre nas dimensões humanas e estratégicas da educação. Entre as estratégias destacadas estão:
Personalização e Abordagem Individualizada: A IA analisa o ritmo de aprendizagem (adaptive learning), transformando o professor em facilitador. Esses dados permitem apoiar os alunos de forma direcionada, cultivando o pensamento crítico e as habilidades socioemocionais. A automação da correção de testes e da geração de exercícios libera tempo para que o educador ofereça feedback qualitativo e exerça seu papel de mentor.
Foco em Habilidades Humanas e Contexto: Enquanto a IA lida com dados, o professor se dedica ao desenvolvimento de competências complexas, como criatividade e ética. O docente atua como curador e mediador, contextualizando o conhecimento gerado pelas máquinas à realidade de seus alunos.
Estratégias Éticas para Integração da IA: Entre as ações essenciais estão a formação docente para o uso das ferramentas e análise crítica de seus vieses, políticas de transparência e governança sobre dados, o letramento em IA no currículo — abordando autoria e plágio — e o acesso equitativo às ferramentas e infraestrutura tecnológicas, garantindo igualdade de oportunidades e valorizando a diversidade.
A inteligência artificial é, portanto, uma aliada transformadora quando compreendida como meio e não como fim. Quando usada com ética, intencionalidade pedagógica e formação crítica, ela amplia o potencial humano e fortalece o compromisso da escola com uma educação inovadora e inclusiva.
Este texto não representa, necessariamente, a opinião do Eixo Central

Renato Brito
Doutor em Educação e Pesquisador Associado da Cátedra Unesco – Universidade Católica de Brasília





















